O património cultural construído cabo-verdiano

Cabo Verde é um país extremamente rico a nível patrimonial e tido como referência, no exterior, neste quesito. Ao longo dos cincos séculos da sua existência, o povo cabo-verdiano construiu um valioso património, que hoje testemunha a nossa história e caracteriza a nossa identidade cultural enquanto povo.

O Instituto do Património Cultural (IPC) é a instituição responsável pela identificação, inventariação, investigação, classificação, salvaguarda, defesa e divulgação dos valores do património cultural, móvel e imóvel, material e imaterial do povo cabo-verdiano.

De acordo com a legislação, os bens que integram o património cabo-verdiano são: monumentos (obras arquitetónicas, da escultura e da pintura); sítios (obras humanas ou obras conjuntas do homem e da natureza); conjuntos arquitetónicos (agrupamentos arquitetónicos urbanos e rurais); monumentos naturais construídos por formações físicas e biológicas), registos arquivísticos, bibliográficos e manifestações culturais imateriais, etc. Segundo os dados do IPC, o património cultural cabo-verdiano abrange:

Património natural

  • Parque Natural de Cova, Paul e Ribeira da Torre (Santo Antão);
  • Parque Natural do Fogo – Chã das Caldeiras;
  • Salinas de Pedra de Lume (Sal);
  • Parque Natural de Serra Malagueta;
  • Parque Natural de Monte Gordo (S. Nicolau);
  • Dunas da ilha da Boa Vista;
  • Reserva Natural de Santa Luzia e os Ilhéus Raso e Branco.

Património cultural material

  • Sítio Histórico da Cidade Velha;
  • Centro histórico da Praia (Plateau);
  • Campo concentração do Tarrafal;
  • Sobrados de S. Filipe da ilha do Fogo;
  • Seminário-Liceu da ilha de S. Nicolau;
  • Centro Histórico de Nova Sintra;
  • Farol Dona Maria Pia – Prainha.

Património cultural imaterial

  • Festa da bandeira de Nhô S. Filipe;
  • Festa de Nhô São João;
  • Tabanca;
  • Carnaval do Mindelo;
  • Morna;
  • Língua cabo-verdiana;
  • Olaria de Fonte Lima;
  • Batuque.

Medidas de conservação e preservação do património cultural construído

Em Cabo Verde, a conservação e preservação do património constituem uma questão bastante discutida. Embora já se fez muito, ainda muito falta por fazer para conservar e preservar o rico e diversificado património cultural cabo-verdiano, que constituem uma importante herança da nossa identidade histórica e cultural.

Em abril de 2020, foi publicado o Regime Jurídico de Proteção e Valorização do Património Cultural (Decreto-lei nº 85/IX/2020 de 20 de abril, que define as medidas e ações que precisam ser implementadas para proteger, preservar e valorizar os bens materiais e imateriais que possuem valor patrimonial. De entre as medidas indicadas, destacam-se:

  • Reforçar a fiscalização e as medidas punitivas contra os crimes patrimoniais;
  • Alargar a inventariação, investigação e divulgação do património construído no país;
  • Assegurar à população, sobretudo às gerações mais novas, o conhecimento do seu património,
  • Informar e sensibilizar a população sobre a importância da preservação do Património;
  • Envolver a comunidade local no plano de preservação dos bens patrimoniais;
  • Desenvolver um plano de educação patrimonial;
  • Recuperar e restaurar os edifícios patrimónios degradados;
  • Dar maior vida e funcionalidade aos edifícios;
  • Promover a rentabilização económica do património como fonte de desenvolvimento sustentável.

Nota: O conhecimento, estudo, proteção, valorização e divulgação do património cultural constituem um dever do Estado, das autarquias locais e de todos os membros da sociedade civil.

Autor: Prof. António Moreira

Chamo-me António Carlos Gomes Moreira, cabo-verdiano, professor e residente em Portugal. Sou licenciado em Ensino de História, pela Universidade de Cabo Verde, mestre em Administração Escolar e Supervisão Pedagógica, pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Atualmente, frequento o curso de doutoramento em Ciências da Educação, na Universidade de Évora (Portugal). Sou professor de História de formação. Trabalhei por 11 anos na Escola Secundária Fulgêncio Tavares (São Domingos, ilha de Santiago-Cabo Verde), lecionando, entre outras disciplinas, História e Cultura Cabo-Verdiana. Além disso, desempenhei cargos de gestão intermédia na escola onde trabalhava. Também sou blogueiro e trabalho na área de serviço social, exercendo atividades relacionadas no campo de voluntariado e associativismo. Fui cofundador e/ou líder de diversas organizações associativas, com destaque para a Associação de Pais e Encarregados de Educação do concelho de São Domingos, na qual exerci o cargo de presidente do Conselho Diretivo de 2018 a 2021.

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