O papel da mulher na sociedade Cabo-verdiana

Em Cabo Verde, se fizermos uma análise numa perspetiva histórica, perceberemos que a mulher cabo-verdiana foi por muito tempo uma figura inferiorizada, dominada e discriminada. Primeiramente, como escrava e depois como mestiça, ela não gozava de quaisquer direitos, possuindo apenas deveres a cumprir. Porém, quem mandava era o marido. A mulher era dependente dele. À ela cabiam duas funções principais: procriar e cuidar da casa (dos afazeres domésticos, do marido e dos filhos).

Entretanto, com as mudanças sociais e as lutas femininas, a mulher vem conseguindo grandes conquistas, em todos os níveis da sua vida, tanto na vida pessoal e familiar como na vida pública e profissional. Hoje, podemos observar que as mulheres já conseguiram o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes em empresas, na administração pública, na esfera política, e não só. Além de dona-de-casa, mãe e esposa, ela tem sua profissão e exerce um papel ativo no mercado de trabalho, conquistando assim seu espaço e exercendo funções que antigamente eram exclusivas dos homens.

Portanto, a mulher cabo-verdiana sofreu uma grande transformação. Hoje, a imagem da mulher cabo-verdiana não está associada a uma mulher doméstica e submissa ao homem, mas uma mulher batalhadora e independente, que vive do seu trabalho e luta pelos seus direitos. Ela tem demonstrado uma grande capacidade no desempenho das suas funções, sejam quais forem. Muitas vezes desempenha inúmeros papéis, a de ser mãe e pai ao mesmo tempo, dona de casa, trabalhadora, mas, mesmo assim, consegue sempre dar resposta aos desafios que enfrenta.

Todavia, ainda existem mulheres que dedicam-se inteiramente às lides domésticas e vivem sob domínio do marido ou companheiro. Muitas delas sofrem violência doméstica, algumas calam-se por medo, outras denunciam e conseguem-se libertar dessa situação.

Autor: Prof. António Moreira

Chamo-me António Carlos Gomes Moreira, cabo-verdiano, professor e residente em Portugal. Sou licenciado em Ensino de História, pela Universidade de Cabo Verde, mestre em Administração Escolar e Supervisão Pedagógica, pela Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Atualmente, frequento o curso de doutoramento em Ciências da Educação, na Universidade de Évora (Portugal). Sou professor de História de formação. Trabalhei por 11 anos na Escola Secundária Fulgêncio Tavares (São Domingos, ilha de Santiago-Cabo Verde), lecionando, entre outras disciplinas, História e Cultura Cabo-Verdiana. Além disso, desempenhei cargos de gestão intermédia na escola onde trabalhava. Também sou blogueiro e trabalho na área de serviço social, exercendo atividades relacionadas no campo de voluntariado e associativismo. Fui cofundador e/ou líder de diversas organizações associativas, com destaque para a Associação de Pais e Encarregados de Educação do concelho de São Domingos, na qual exerci o cargo de presidente do Conselho Diretivo de 2018 a 2021.

Deixe um comentário