Em Cabo Verde, se fizermos uma análise numa perspetiva histórica, perceberemos que a mulher cabo-verdiana foi por muito tempo uma figura inferiorizada, dominada e discriminada. Primeiramente, como escrava e depois como mestiça, ela não gozava de quaisquer direitos, possuindo apenas deveres a cumprir. Porém, quem mandava era o marido. A mulher era dependente dele. À ela cabiam duas funções principais: procriar e cuidar da casa (dos afazeres domésticos, do marido e dos filhos).
Entretanto, com as mudanças sociais e as lutas femininas, a mulher vem conseguindo grandes conquistas, em todos os níveis da sua vida, tanto na vida pessoal e familiar como na vida pública e profissional. Hoje, podemos observar que as mulheres já conseguiram o seu espaço nas estruturas sociais, abandonando a figura de mera dona de casa e assumindo postos de trabalho, cargos importantes em empresas, na administração pública, na esfera política, e não só. Além de dona-de-casa, mãe e esposa, ela tem sua profissão e exerce um papel ativo no mercado de trabalho, conquistando assim seu espaço e exercendo funções que antigamente eram exclusivas dos homens.
Portanto, a mulher cabo-verdiana sofreu uma grande transformação. Hoje, a imagem da mulher cabo-verdiana não está associada a uma mulher doméstica e submissa ao homem, mas uma mulher batalhadora e independente, que vive do seu trabalho e luta pelos seus direitos. Ela tem demonstrado uma grande capacidade no desempenho das suas funções, sejam quais forem. Muitas vezes desempenha inúmeros papéis, a de ser mãe e pai ao mesmo tempo, dona de casa, trabalhadora, mas, mesmo assim, consegue sempre dar resposta aos desafios que enfrenta.
Todavia, ainda existem mulheres que dedicam-se inteiramente às lides domésticas e vivem sob domínio do marido ou companheiro. Muitas delas sofrem violência doméstica, algumas calam-se por medo, outras denunciam e conseguem-se libertar dessa situação.