Sumário: O povoamento das restantes ilhas
Fogo
A ilha do Fogo foi a segunda a ser povoada, inicialmente baptizada com o nome de São Filipe. Os primeiros povoadores da ilha do Fogo chegaram entre 1480 e 1493. A iniciativa do povoamento desta ilha partiu dos povoadores de Santiago, uma vez que esta era a ilha mais próxima e também uma grande produtora de algodão.
O povoamento da ilha do Fogo foi feito com europeus e africanos, do mesmo modo que a ilha de Santiago, diferenciando-se apenas nos privilégios.
A ilha funcionava como uma capitania autónoma igual a Ribeira Grande e Alcatrazes. Essa capitania foi criada em 1493 e o seu capitão era Fernão Gomes. São Filipe era o principal núcleo populacional até meados do século XVI.
Até princípios do século XVI, apenas as ilhas de Santiago e Fogo tinham uma população permanente e as restantes destinavam-se ao gado em regime bravio.
Maio
A ilha do Maio foi descoberta em 1460, sendo utilizada como ilha de criação de gado, principalmente caprino. O seu povoamento iniciou-se no final do séc. XVI, com a exploração do sal (…). Foi povoada pouco a pouco pelos nativos de Santiago, em 1718 não tinha mais do que 60 habitantes. Foi em 1642 que aí se estabeleceu a primeira povoação com carácter estável, localizado no sítio de Penoso. Em 1718 fundaram uma nova povoação junto da salina, que se chamou de Porto Inglês.
Boavista
Boavista foi doada, ao mesmo tempo que a ilha do Maio, a Rodrigo Afonso, em 1490, para a exploração do gado bravo. Nos primeiros tempos, só se enviava para lá descendentes de escravos das outras ilhas e alguns mestiços, para guardarem o gado.
Só começou a desenvolver-se no início do séc. XVII, graças sobretudo ao comércio do sal, produto que já era comercializado na ilha do Maio. Com o desenvolvimento do comércio, algumas famílias brancas instalaram-se na ilha para dirigirem esse comércio em expansão.
Os primeiros colonos estabeleceram-se na Povoação Velha, a 10 km do porto de Sal-Rei. Foi a capital da ilha até 1810, tendo sido transferida depois para Rabili.
São Nicolau
A sua ocupação verificou-se desde muito cedo, por ser uma das ilhas onde havia mais água e, consequentemente, mais potencialidades agrícola e pecuária. Em São Nicolau, famílias oriundas da Madeira foram as primeiras a chegar à ilha com os seus escravos; nela se estabeleceram e deram origem aos primeiros mestiços.
Tendo sido, durante os primeiros séculos, a ilha mais bem explorada do ponto de vista agrícola, a importação de escravos da Guiné foi igualmente muito importante. A primeira povoação da ilha de São Nicolau ficava junto ao porto da Lapa. Contudo. Mais tarde, a população transferiu-se para o interior, tendo-se fundado a vila da Ribeira Brava, no fundo de um vale fértil.
Brava
Para a ilha Brava, desde cedo, no século XVI, tinham emigrado alguns escravos libertados que não queriam continuar a trabalhar as terras alheias. Mas foi a partir de 1680 que se procedeu à ocupação efectiva, com a chegada dos colonos brancos da vizinha ilha do Fogo, devido a erupção vulcânica. Também se instalaram na ilha colonos madeirenses. A actividade económica do passado incluía a extracção da urzela, a agricultura e pesca, sendo que as duas últimas perduram até hoje como actividades principais.
Sal
A ilha do Sal esteve abandonada por mais de três séculos, após a sua descoberta. Alguns habitantes de Boa Vista, que tinham gado, mandavam para lá pastores, tendo-se realizado a sua ocupação efectiva nos princípios do século XIX, depois de se ter reconhecido a importância das suas salinas. Na ilha do Sal, a povoação de Santa Maria ergue-se com a exploração das salinas do portinho.
Santo Antão
Durante o século XVII e até finais do século XVIII, apenas houve em Santo Antão escravos libertados. Somente nos inícios do século XIX, é que D. João IV, monarca reinante em Portugal, decidiu ordenar o povoamento dessa ilha onde se instalaram portugueses e uma colónia de espanhóis das ilhas Canárias que se ficou no cume da Corda e da Caldeira, para lá praticarem a cultura do trigo, da cevada e do centeio.
A primeira povoação da ilha chamou-se Santa Cruz. Até ao século XIX, as únicas povoações que a ilha possuía eram Ribeira Grande, capital da ilha, Paul e Janela.
São Vicente
A ilha de São Vicente também só foi ocupada na segunda metade do século XIX, depois de reconhecida a importância do seu porto, Porto Grande, como escala para vapores das rotas da América do Sul e oriente. Porque a vida se desenrolava à volta do Porto, a população concentrou-se na cidade do Mindelo.
Na ilha de São Vicente, a primeira povoação chamou-se D. Rodrigo (…). Em 1838 marquês de Sá da Bandeira determinou a criação no mesmo lugar da povoação de Mindelo (…).
Vinte anos depois, a povoação já tinha muitos edifícios e o Porto Grande valorizava-se. Por isso, a 29 de Abril de 1858, foi elevado à categoria de vila e, em 1880, à categoria de cidade.
Santa Luzia
No século XIX houve algumas tentativas de ocupação da ilha de Santa Luzia, mas as condições as físicas e as estiagens frequentes não permitiram a sua colonização.
Fontes:
RODRIGUES, Joanita Cristina; FORTES, Maria Auxiliadora da Cruz. História e Geografia de Cabo Verde – 7º ano (verão experimental). Porto Editora, Porto, 2011.
ANDRADE, Elisa Silva. As ilhas de Cabo Verde: da descoberta à independência nacional (1460-1975). L´Harmattan. Paris, 1996.
SANTOS, Maria Emília Madeira; TORRÃO, Maria Manuel Ferraz; SOARES, Maria João. História Concisa de Cabo Verde. Instituto de Investigação Científica Tropical, Instituto Nacional de Investigação e Património Culturais de Cabo Verde. Lisboa-Praia, 2007.
CARREIRA, António. Cabo Verde: formação e extinção de uma sociedade escravocrata (1460-1878). 3ª Edição. Instituto de Promoção Cultural. Praia, 2000
Ribeiro, Orlando. (1960). A ilha do Fogo e as suas erupções. Juntas de Investigação do Ultramar. Memórias. Série geográfica nº1: 2ª edição.